Com o objetivo de intensificar o combate à dengue e reduzir a infestação do Aedes aegypti, Contagem trabalha com apoio de armadilhas que simulam criadouros e permitem coletar ovos do mosquito: as ovitrampas. Considerada uma ferramenta importante para a detecção e controle do vetor, a ovitrampa é composta por um vasilhame preto, onde é colocado um líquido atrativo ao Aedes aegypti. Na parede lateral desse pote, há uma paleta de madeira com formato retangular, onde os mosquitos depositam seus ovos. Depois de instalada, a armadilha fica no local por sete dias, quando é retirada para a contabilização dos ovos que ali foram colocados.
“As armadilhas são mais uma estratégia para o combate ao mosquito transmissor da dengue para fazer o levantamento do índice de infestação e da dispersão do Aedes Aegypti em áreas urbanas. A ovitrampa é amplamente utilizada devido à alta sensibilidade e eficácia em atrair as fêmeas no período de ovoposição e, também, ao seu baixo custo”, afirma o secretário de Saúde, Fabrício Simões.
Atualmente, em Contagem, as ovitrampas são instaladas quinzenalmente em todo o território urbano. A quantidade de ovos coletados é utilizada na elaboração de mapas que indicam as áreas mais infestadas da cidade. Posteriormente, as ações de prevenção e controle são realizadas prioritariamente nesses pontos mapeados. O médico veterinário da Unidade de Vigilância de Zoonoses (UVZ), Rogério Lara, explica quais são as características que formam o ambiente ideal para a postura dos ovos. “As instalação das armadilhas deve ser feita em local coberto, sem a incidência direta de sol, sem a presença de grande circulação de vento, sem produtos químicos e de odor forte. Deve ser preferencialmente instalada à altura máxima de até 1,5 metro do chão”.
Utilizado durante todo o ano, o método conta com o envolvimento de vários profissionais. “Na confecção da infusão, instalação e coletas das armadilhas, são utilizados os agentes de combate às endemias (ACEs). Após a coleta, as paletas são enviadas ao laboratório, que fica na UVZ, onde ocorre a contagem manual de todos os ovos, com ajuda de lupas de bancada. Após essa apuração, os dados são transferidos para o programa de georreferenciamento, onde é possível que cada referência técnica dos distritos sanitários avaliem a situação de cada armadilha e possa ser programada a ação mais efetiva em cada localidade”, detalha o veterinário.
Outros dados são utilizados juntamente com o resultado de cada paleta, sendo: evolução da contagem de ovos das últimas três ou cinco semanas; número de casos suspeitos e confirmados de dengue, zika e chikungunya; número de casas que não puderam ser trabalhadas na localidade, por estarem fechadas ou por recusa da visita pelo morador, entre outros.
Vale ressaltar que os agentes são capacitados para a preparação da armadilha, instalação, coleta e acondicionamento para envio ao laboratório. A leitura fica apenas com os funcionários do laboratório, e a análise dos dados com as referências técnicas dos distritos e diretoria de zoonoses.
Levantamento de dados
As ovitrampas são consideradas pelo Ministério da Saúde como a melhor tecnologia de levantamento de dados de infestação do mosquito em centros urbanos. No entanto, Rogério alerta que elas não são um método direto de controle. “Apesar de uma grande quantidade de ovos ser retirada do ambiente com ela, sua função mais importante é fornecer os dados para programar e executar ações de controle com mais eficácia e eficiência”.
Em Contagem, essa metodologia é utilizada desde 2017. No entanto, o método com a cobertura de todo o território urbano da cidade e com a instalação quinzenal, como preconizado pelo MS, acontece desde 2024.. “Neste ano, faremos apenas um Levantamento Rápido de Índices para Aedes aegypti (LIRAa) para mapear as regiões da cidade, pois a informação fornecida pela ovitrampa é muito mais sensível e importante”, conclui o veterinário.
